Mulheres do Campo: Liderança, Resiliência e Protagonismo

Em um setor historicamente dominado por homens, as mulheres vêm ocupando cada vez mais espaço de liderança e decisão no agro brasileiro. Um exemplo inspirador é o de Carla Zorzi, engenheira agrônoma que está à frente de uma cooperativa com mais de 500 associados, atuando na exportação de grãos e no fortalecimento da agricultura familiar.
No sertão do Rio Grande do Norte, um grupo de mulheres apicultoras transformou a produção de mel em independência financeira. Com o apoio do Sebrae, elas criaram uma cooperativa e hoje exportam mel orgânico da Caatinga para a Europa.

“Hoje temos nossa renda, nossa autonomia e orgulho do que fazemos”, afirma a presidente da associação, Maria das Dores.

Já em Minas Gerais, a produtora Renata Veloso criou uma marca de cafés especiais cultivados exclusivamente por mulheres. A marca já ganhou prêmios internacionais e está presente em cafeterias de luxo em São Paulo e no exterior.

Jovens Inovadores do AgroJovens Inovadores do Agro: A Nova Geração que Revoluciona o CampoJovens Inovadores do Agro

Aos 24 anos, o jovem engenheiro agrônomo Henrique Matos desenvolveu um aplicativo que utiliza inteligência artificial para prever doenças em lavouras de soja. A ideia surgiu durante a faculdade, quando observou o prejuízo causado por pragas e fungos em propriedades familiares da região.
Hoje, o app já é usado por mais de 200 produtores no Centro-Oeste. “A IA analisa fotos das folhas e detecta sinais invisíveis a olho nu. Assim, o agricultor age antes do prejuízo acontecer”, conta Henrique.
Além disso, jovens como ele estão se destacando nas redes sociais. Um exemplo é Rafael Almeida, de 21 anos, pecuarista que conquistou milhões de seguidores no TikTok mostrando o dia a dia da lida no pasto. Com linguagem leve e informativa, ele atrai a atenção de uma nova geração para o agro.

“Mostrar a realidade do campo ajuda a valorizar o produtor e educar quem vive nas cidades”, afirma Rafael.

Outro exemplo vem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde alunos criaram uma fazenda-modelo com hortas orgânicas automatizadas. A produção abastece o restaurante universitário e serve de vitrine para práticas agroecológicas.

Pesquisadores Criam Plástico de Coco que Prolonga a Vida do Morango e Combate o Desperdício

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) desenvolveu um bioplástico sustentável feito de coco verde, capaz de prolongar a vida útil de frutas sensíveis como morango, uva e figo.

A embalagem, além de biodegradável, tem propriedades antimicrobianas naturais que ajudam a conservar as frutas frescas por mais tempo, sem o uso de produtos químicos.

“Usamos resíduos do coco que seriam descartados, transformando lixo em inovação”, explica a pesquisadora Vanessa Vilarinho, líder do projeto.

Testes realizados em cooperativas mostraram que o uso do novo bioplástico reduziu perdas pós-colheita em até 30%, além de facilitar o transporte e venda em mercados distantes.

A inovação já despertou interesse de cooperativas de frutas no Espírito Santo e na Bahia, e poderá chegar ao mercado ainda este ano.

Mel da Caatinga Conquista o Mundo e Valoriza o Sertão Nordestino

Entre as plantas espinhosas da Caatinga, um ouro líquido vem transformando a vida de centenas de famílias do semiárido: o mel orgânico da Caatinga, hoje exportado para países como Alemanha, França, Estados Unidos e Japão.

Com apoio de cooperativas locais, do Sebrae e de programas do governo federal, pequenos produtores do Sertão de Pernambuco e Rio Grande do Norte estão conquistando o mercado com um produto diferenciado: mel com sabor único, aroma floral e origem 100% sustentável.

“A abelha aqui não precisa de flor cultivada. Ela visita as plantas nativas da Caatinga, que têm um néctar exclusivo. Isso dá ao nosso mel um valor agregado altíssimo”, explica o apicultor Antônio Batista, de Serra Talhada.

O projeto tem impacto direto na preservação do bioma, já que a apicultura não exige desmatamento. Ao contrário: incentiva a conservação da vegetação nativa, uma vez que as abelhas precisam de flores silvestres para produzir.

Hoje, o mel da Caatinga está presente em redes gourmet e empórios finos, com selo de Indicação Geográfica (IG), agregando valor e reconhecimento internacional.

Conectividade no Campo Avança e Prepara o Agro para a Era 6.0

Um novo capítulo está sendo escrito no agronegócio brasileiro: a chegada definitiva da conectividade digital ao campo. Com apenas 23,8% das áreas agrícolas com acesso à internet, o país ainda enfrenta desafios. Mas soluções começam a se multiplicar.

Durante o GazzSummit Agro 6.0, evento que reuniu gigantes do setor em Curitiba, empresas como Syngenta, Basf, CNH Industrial e startups do agritech apresentaram soluções que vão desde sensores de pragas que funcionam com inteligência artificial até drones autônomos com monitoramento por satélite.

“Hoje, conectividade é insumo básico, tanto quanto água e fertilizante. Sem ela, não existe agro competitivo”, declarou André Leal, engenheiro da CNH.

Governos estaduais, como o do Paraná, estão ampliando investimentos em torres 4G rurais e projetos de 5G via parcerias com cooperativas e fundos públicos. Em regiões do oeste paranaense, produtores de leite já utilizam coleiras inteligentes para monitorar saúde, produtividade e alimentação de vacas em tempo real.

Além do aumento de produtividade, a digitalização ajuda na redução de custos, rastreabilidade e sustentabilidade, tornando o Brasil ainda mais competitivo nos mercados internacionais.

Carne com Carbono Negativo? Família em MT Mostra que É Possível Produzir e Preservar

No município de Nova Canaã do Norte (MT), a família Wolf tem revolucionado a produção agropecuária ao adotar o sistema ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta). Com ele, é possível criar gado, plantar soja, milho e arroz, além de reflorestar áreas com eucalipto.

Os resultados são surpreendentes: aumento da produtividade, recuperação do solo, renda extra com madeira e até a captação de carbono, que compensa as emissões da pecuária. O modelo é tão eficaz que será destaque brasileiro na COP30, em Belém (PA).

“Produzimos mais, poluímos menos e ainda geramos renda com sustentabilidade”, diz Neri Wolf.

O resultado prático é impressionante. Em média, são criadas até 12 cabeças de gado por hectare, enquanto a média do Estado é inferior a uma por hectare. As árvores ajudam a recompor o solo e a capturar carbono da atmosfera, neutralizando as emissões do rebanho.

O modelo da família Wolf será um dos casos brasileiros apresentados na COP30, a conferência da ONU sobre o clima que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro de 2025. Técnicos da Embrapa confirmaram que a fazenda é um exemplo real de carne com carbono negativo — uma promessa realista e necessária para um agro mais sustentável.

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